Definição e importância do problema

Por meningite entende-se a inflamação das membranas (meninges) que cobrem o encéfalo e a medula espinhal. A inflamação meníngea é habitualmente o resultado de infecção vírica ou bacteriana, e mais raramente fúngica; outras etiologias pouco frequentes são as neoplasias, drogas ou doenças autoimunes. Neste capítulo não será abordada a meningite crónica, nem a encefalite (inflamação do encéfalo), em que o processo inflamatório ultrapassa as meninges e atinge o tecido encefálico.

Apesar dos progressos realizados no que respeita a medidas gerais de suporte e a terapêutica antimicrobiana, as infecções do sistema nervoso central são ainda na actualidade uma importante causa de morbilidade e mortalidade na criança, sobretudo nos primeiros 3 anos de vida, período de maior incidência da doença.

Aspectos epidemiológicos

A meningite bacteriana aguda tem uma incidência global anual de 2-5 casos por 100.000 habitantes nos países ocidentais. Vários microrganismos podem ser responsáveis pela doença, sendo que o agente mais provável pode ser inferido de acordo com a idade (Quadro 1), assim como da presença de factores de risco, co-morbilidades e estado imunológico.

Nos últimos anos, verificou-se uma mudança frequente na epidemiologia das meningites bacterianas, à custa de medidas preventivas como o rastreio e tratamento de mães portadoras de Streptococcus agalactiae ou do grupo B (SGB) e a introdução de vacinas contra Haemophilus influenzae b, Streptococcus pneumoniae (vacina conjugada pneumocócica 13-valente, VCP13) e Neisseria meningitidis do serogrupo C (e recentemente do serogrupo B).

Actualmente, Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae são responsáveis por 80% dos casos em crianças imunocompetentes com mais de 4 semanas de vida. Os bacilos gram negativos (Escherichia coli, Klebsiella, Enterobacter) são responsáveis por menos de 10% dos casos.

A meningite neonatal está habitualmente relacionada com os agentes que colonizam o tracto intestinal ou genital da mãe e com a imaturidade e inexperiência imunológicas do recém-nascido (ver Parte sobre Perinatologia/Neonatologia). No entanto, as bactérias adquiridas por contacto ambiental, típicas do lactente e criança, podem também originar meningite no recém-nascido. Neste grupo etário E. coli e SGB são os agentes mais frequentes, podendo também ocorrer infecção por Listeria monocytogenes em 5-10% dos casos, segundo alguns autores.

Entre os 30 e 90 dias, os principais agentes são Streptococcus do grupo B (SGB), Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae, seguidos de microrganismos entéricos gram-negativos. Segundo os dados mais recentes publicados (Neto MT et al., 2008), entre 2001-2005 registaram-se 46 casos (19%) de meningite por SGB a nível nacional, verificando-se uma incidência de 0,54 casos de doença invasiva por SGB por cada 1000 nascimentos, sendo esta mais frequente nos primeiros 7 dias de vida (81%).

Após os 3 meses, N. meningitidis é o agente mais frequente em Portugal, sobretudo após a comercialização da vacina conjugada polissacarídea 13 valente (VCP13) contra S. pneumoniae. A nível europeu os serogrupos mais prevalentes responsáveis por doença invasiva meningocócica são o B, C e Y. Em Portugal, desde 2007, o serogrupo B é responsável pela maioria dos casos de doença invasiva meningocócica (49-92%), a qual apresenta uma incidência anual de 6,3 casos por 100.000 habitantes em crianças com idade compreendida entre 1-4 anos (20,2 casos/100.000 habitantes em menores de 1 ano de idade), entre 2003-2012, segundo Simões MJ (2014). Desde 2014 está disponível para compra a vacina de 4 componentes contra a N. meningitidis do serogrupo B.

Relativamente à doença invasiva pneumocócica, no período entre 2010-2012 registou-se uma incidência global 12,33/100.000 crianças até aos 5 anos, a qual tem vindo a diminuir, sendo mais frequente abaixo dos 2 anos (20,9/100.000). A meningite bacteriana de etiologia pneumocócica, verificou-se em 18% dos casos, sendo que em metade dos casos não havia antecedentes de VCP13.

Após a introdução da vacina contra Haemophilus influenzae b, a meningite por este agente é excepcional nos países que a introduziram nos seus programas de vacinação, tal como aconteceu em Portugal. Existem, no entanto, alguns casos esporádicos (em crianças que não tenham cumprido a primovacinação, ou com falência vacinal) em contactos com indivíduos colonizados.

Uma forma hoje rara, mas grave, de meningite bacteriana é causada por Mycobacterium tuberculosis, microrganismo que pode afectar todas as idades; a patogénese é insidiosa, condicionando em geral apresentação clínica atípica (ver capítulo respectivo).

 QUADRO 1 – Distribuição de agentes de meningite pós-neonatal por faixa etária.

Grupo etário Causas
Recém-nascidos S. agalactiae, E. coli, L. monocytogenes
1-3 meses Agentes neonatais, S. pneumoniae, N. meningitidis, H. influenzae b
3 meses – 5 anos S. pneumoniae, N. meningitidis, H. influenzae b
6 anos – adolescentes N. meningitidis, S. pneumoniae

Etiopatogénese

Os agentes responsáveis pela meningite bacteriana podem atingir as leptomeninges por:

  • via hematogénica, a mais frequente, em que as bactérias atingem as meninges através da corrente sanguínea; a mais frequente corresponde à bacteriémia com origem nasofaríngea, adquirida por contacto com portador assintomático;
  • extensão contígua de local de infecção extracerebral (por exemplo, otite média, mastoidite ou sinusite);
  • implantação bacteriana directa como complicação de intervenção neurocirúrgica na cabeça e pescoço, lesão penetrante na cabeça, fractura de crânio com fístula de LCR ou erosão osteomielítica. Nestas circunstâncias há risco acrescido de meningite recorrente, sendo que o primeiro episódio poderá não ter uma relação temporal com o traumatismo;
  • anomalias congénitas, nomeadamente defeitos de encerramento da linha média, como quistos dermóides intracranianos (associados a seio dérmico com fístula para a pele e meningite por agentes menos habituais como Staphylococcus epidermidis).

As bactérias mais frequentemente associadas a meningite (N. meningitidis, S. pneumoniae, H. influenzae) contêm uma cápsula de polissacáridos, o que permite a colonização da nasofaringe das crianças saudáveis. Uma infecção vírica intercorrente pode facilitar a penetração da bactéria através do epitélio nasofaríngeo. Atingida a corrente sanguínea, o polissacárido capsular confere resistência à opsonização pela via clássica do complemento, com consequente inibição da fagocitose, criando-se condições para bacteriémia e acesso às meninges.

A parede celular das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas contém componentes que desencadeiam resposta inflamatória. Nas bactérias Gram-positivas o ácido lipotecóico e o peptidoglicano, e nas Gram-negativas o lipopolissacárido ou as endotoxinas, são considerados os componentes patogénicos principais. Os mediadores da resposta inflamatória incluem citocinas (TNF, IL-1, 6, 8, 10), PAF (factor activador das plaquetas), óxido nítrico, prostaglandinas e leucotrienos. Numa segunda fase, a resposta pró-inflamatória provoca lesão do espaço subaracnoideu e, posteriormente, verifica-se aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica, edema cerebral e presença de leucócitos e mediadores tóxicos no líquido céfalo-raquidiano (LCR). Uma vez lesada a barreira hematoencefálica, os microrganismos invadem o LCR.

Através do LCR há extensão do exsudado para as cisternas basais com consequente:

  1. lesão dos nervos cranianos (nomeadamente VII par, podendo condicionar surdez neuro-sensorial);
  2. obstrução da drenagem do LCR (causando hidrocefalia obstrutiva);
  3. vasculite (sendo as células endoteliais dos capilares o local principal da lesão na meningite bacteriana) e tromboflebite secundárias, responsáveis por áreas de isquémia localizadas.

À medida que aumenta a pressão intracraniana pelo edema cerebral, o fluxo sanguíneo cerebral diminui, provocando alteração do estado de consciência. Sem intervenção terapêutica, o ciclo de diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, intensificação do edema e aumento da pressão intracraniana mantém-se, condicionando maior lesão endotelial com vasospasmo e trombose, maior compromisso do fluxo sanguíneo cerebral e estenose dos grandes e pequenos vasos; ulteriormente surge, como consequência, hipotensão sistémica (choque séptico) e lesão difusa do sistema nervoso central.

Os componentes ou produtos patogénicos bacterianos são libertados no LCR, não só no decurso da multiplicação bacteriana, mas especialmente quando há lesão destrutiva da parede celular, sendo que a terapêutica antimicrobiana leva a libertação significativa de mediadores de resposta inflamatória.

 Factores de risco

  • Idades inferior a 5 anos, e principalmente inferior a 2 anos.
  • Na criança de idade inferior a 5 anos são factores de risco acrescido: diabetes mellitus, insuficiência renal ou suprarrenal, hipoparatiroidismo, fibrose quística, desnutrição.
  • Defeitos imunitários congénitos.
  • imunossupressão (maior risco de infecção por agentes oportunistas, podendo não evidenciar os sinais clássicos de febre e irritação meníngea).
  • Status pós-esplenectomia, asplenia congénita, drepanocitose e talassémia major (maior risco de infecção por microrganismos capsulados).
  • Infeção contígua (por ex. sinusite), fístula de LCR ou outras alterações traumáticas, cirúrgicas ou congénitas, atrás referidas.
  • Dependência de drogas endovenosas.
  • Endocardite bacteriana.
  • Derivação ventriculoperitoneal (infecção por Staphylococcus, Streptococcus e enterobacteriáceas são mais frequentes).
  • Co-habitação de grande número de indivíduos (risco aumentado de surtos de meningite meningocócica).
  • Exposição recente a outros casos de meningite, com ou sem profilaxia.

Manifestações clínicas

Na criança, os sinais e sintomas são, regra geral, dependentes da idade. Muitas vezes é referida infecção das vias respiratórias superiores nos dias precedentes, coexistindo eventualmente com o quadro descrito (por ex. sinusite e/ou otite média).

Os sintomas clássicos em lactentes são: recusa alimentar, vómito, irritabilidade, gemido, choro gritado, prostração, febre ou hipotermia, fontanela hipertensa, por vezes convulsões, dificuldade respiratória, episódios de apneia ou cianose. Os sinais de irritação meníngea poderão não estar presentes no primeiro ano de vida.

Em crianças de idade superior a 1 ano são habituais náusea e vómitos, cefaleia, fotofobia, febre ou hipotermia, prostração. Em 75% dos casos estão presentes os sinais clássicos de irritação meníngea: rigidez da nuca, sinal de Kernig (impossibilidade de extensão completa dos membros inferiores após flexão a 90º da coxa sobre a anca) e sinal de Brudzinski (flexão automática dos joelhos com a flexão do pescoço.

Outros sinais de compromisso neurológico que poderão ser verificados são: alteração do estado de consciência, convulsões, sinais neurológicos focais e alterações dos pares cranianos III, IV, VI, VII. O edema da papila surge em cerca de um terço dos doentes com meningite, demorando cerca de 24 a 48 horas a estabelecer-se. As convulsões, generalizadas ou focais, podem surgir em cerca de 30% dos doentes, sendo duas vezes mais comuns na meningite por S. pneumoniae e Hib do que na meningite meningocócica.

O choque por endotoxinas com colapso vascular é característico da infecção grave por N. meningitidis. Apesar de o exantema generalizado, máculo-papular, petequial ou purpúrico ser habitualmente associado à meningite/sépsis meningocócica, pode surgir igualmente nas infecções por H. influenzae e por S. pnemoniae. Um exantema petequial precoce (concomitante com a febre) deve ser sempre considerado indicador muito provável de infecção bacteriana, e um exantema macular com aparecimento precoce em relação à febre deve sempre evocar uma infecção meningocócica.

A hipertensão intracraniana pode evoluir para herniação cerebral, com alteração dos movimentos oculares, bradicardia, hipertensão, descorticação/descerebração e apneia.

A artrite, quando surge, é sugestiva de infecção por Neisseria meningitidis. Se ocorrer nos primeiros dias de doença é muitas vezes piogénica; se mais tarde, corresponderá a forma reactiva, curando, regra geral, sem sequelas.

Diagnóstico

Exame do LCR

A análise do LCR através de punção lombar (PL) é fundamental para o diagnóstico, devendo ser realizada sempre excepto em caso de contraindicação.

Tipicamente há marcada pleiocitose (>1000 células/mm3; até aos 3 meses de idade considera-se normal a presença de até 6 células/mm3) com predomínio polimorfonuclear, elevação das proteínas (100-200 mg/dL) e diminuição da concentração da glucose (ratio LCR/soro < 0,4). (Quadros 2 e 3)

QUADRO 2 – Valores de referência no LCR.

LCRPré-termoRN1-12 meses> 12 meses
Leucócitos (/mm3)0-320-290-10< 10
Proteínas (mg/dL)65-15020-170< 60< 40
Glucose (mg/dL)55-10545-150> 50% glicémia

QUADRO 3 – Etiologia sugestiva de acordo com exame citoquímico e citológico LCR.

  Mais comumMenos comum
Glicorráquia (mg/dL)< 10Bacteriana e micobacterianaFúngica
10 – 45 Sífilis, vírus
Proteinorráquia (mg/dL)50 – 250Vírica, Borrelia 
> 1000BacterianaParotidite
Contagem celular (/mm3)100-1000Bacteriana, vírica, micobacteriana 
5 – 100Bacteriana (fase inicial), vírica, micobacteriana, sífilis 

 

A identificação do agente habitualmente é obtida por coloração de Gram e por exame cultural (considerado “padrão de ouro”, embora com sensibilidade 50-90%); estes parâmetros devem ser sempre realizados.

Para identificação específica de agente pode ser realizado teste rápido de aglutinação de antigénios (sensibilidade 60-90%; especificidade 90-100%; valor preditivo negativo 80-95%) e/ou identificação molecular por técnica de reação em cadeia da polimerase/PCR (sensibilidade 87-100%; especificidade 98-100%). De referir que os testes rápidos de aglutinação têm caído em desuso pela maior sensibilidade e especificidade da PCR e também pela diminuição de casos de meningite por Hib, situação em que eram mais úteis. A PCR é particularmente útil nas situações em que a criança já estava sob antibioticoterapia no momento da PL e nos casos de PL traumática. Uma desvantagem desta técnica em relação à cultura é não fornecer sensibilidade do microrganismo aos antibióticos.

Em caso de evolução clínica favorável a PL não é repetida, excepto nas seguintes situações: diagnóstico incerto; evolução desfavorável na ausência de outras causas; meningite por bacilo gram-negativo; doentes tratados com vancomicina e dexametasona; meningite em doente com derivação ventriculo-peritoneal e submetido a antibioticoterapia intratecal.

São consideradas contraindicações para realização de PL:

  • Hipertensão intracraniana (depressão do estado de consciência ou deterioração rápida; sinais neurológicos focais; edema da papila; após convulsão prolongada – duração superior a 30 minutos; hipertensão com bradicardia – tríade de Cushing);
  • Choque ou instabilidade hemodinâmica;
  • Alterações dos reflexos pupilares, midríase ou anisocória;
  • Postura de descerebração ou de descorticação;
  • Infecções da pele e tecidos moles no local da punção;
  • Alterações anatómicas locais, como escoliose grave ou mielomeningocele;
  • Alterações da coagulação (sendo a trombocitopénia contraindicação relativa).

Notas:

    1. Em caso de suspeita clínica e insucesso na realização de punção lombar, não deve ser protelado o início de terapêutica empírica para meningite;
    2. Se a PL for traumática e se se verificar LCR hemorrágico, a interpretação de resultados deve ser cuidadosa, só podendo ser valorizada a glicorráquia e a coloração de gram. O diagnóstico definitivo dependerá sempre da identificação do agente por meio cultural ou molecular;
    3. Um resultado positivo de PCR no sangue para S. pneumoniae não significa que seja este o agente responsável pelo processo meníngeo; poderá apenas reflectir colonização nasofaríngea. Em relação a N. meningitidis, alguns autores referem que a PCR quantitativa no sangue periférico se correlaciona com o prognóstico e que a carga bacteriana máxima tem sido observada em crianças que vieram a falecer.

 

Hemocultura e outros exames culturais

Em todos os casos de suspeita de meningite deve proceder-se a hemocultura antes de se iniciar antibioticoterapia, a qual poderá identificar o agente em 50-80% dos casos (cerca de 80% dos casos provocados por H. influenza b e S. pneumoniae, mas apenas em 50% dos casos de meningite por Neisseria meningitidis).

Outros exames laboratoriais

Para avaliação global do doente, tratando-se duma doença sistémica, são realizados os seguintes exames, a ponderar racionalmente caso a caso:

  • Hemograma e estudo da coagulação;
  • Proteína C reactiva (negativa em 90% dos casos de meningite vírica);
  • Ionograma sérico (avaliação do equilíbrio hidroelectrolítico, estado de hidratação e detecção de eventual hiponatrémia (de diluição) compatível com síndroma de secreção inapropriada de hormona antidiurética – SIADH);
  • Glicémia;
  • Ureia, creatinina e enzimas hepáticas (para detecção de eventual disfunção de órgãos e correcção terapêutica);
  • Gasometria arterial (pode haver acidose metabólica e elevação de lactato);
  • Ionograma urinário, suspeitando-se de SIADH.

Exames imagiológicos

Os exames imagiológicos (TAC e RM) poderão estar indicados nas seguintes situações:

  • Doentes com evidência de traumatismo craniano, alteração do estado de consciência ou sinais focais;
  • Doentes com edema da papila ou outras contra-indicações para punção lombar;
  • Avaliação de complicações da meningite (enfarte, hidrocefalia, ventriculite, empiema e abcesso cerebral, trombose do seio venoso);
  • Situações de difícil diagnóstico diferencial (ver adiante).

A TAC é um exame rápido e útil para excluir contra-indicações à realização de PL, enquanto a RM é mais sensível na determinação do envolvimento do SNC. Ambos podem ser normais, numa fase inicial, ou revelar reforço leptomeníngeo, dilatação ventricular, apagamento dos sulcos cerebrais na convexidade e acentuação da hiperdensidade relativa da substância cinzenta. Sinais mais tardios incluem enfarte venoso e hidrocefalia comunicante.

Diagnóstico diferencial

  • Outros agentes de meningite/meningoencefalite aguda não bacteriana: víricos; fúngicos (Histoplasma e Blastomyces; nos imunocomprometidos Candida, Cryptococcus, Aspegillus), tuberculose.
  • Infecções focais do SNC [abcesso cerebral, abcesso parameníngeo (empiema subdural, abcesso epidural espinhal e craniano, osteomielite)].
  • Meningite de causa não infecciosa: medicamentos (AINE, imunoglobulina endovenosa, trimpetropim-sulfametoxazol, isoniazida, metronidazol), vasculites (LES, Doença de Behçet, Sarcoidose, Febre Familiar do Mediterrâneo), tumores e hemorragia do SNC.

Tratamento

Princípios gerais

Nas formas agudas, rapidamente progressivas, que surgem em menos de 24 horas, e na ausência de sinais de hipertensão intracraniana (HIC), deve ser iniciada de imediato antibioticoterapia segundo esquema empírico, após PL.

Verificando-se sinais de HIC ou sinais neurológicos focais, a antibioticoterapia deverá ser iniciada sem proceder a PL e antes de realizar TAC; a HIC deve ser tratada simultaneamente, tal como a disfunção multiorgânica e/ou choque e SDR.

Apesar de o início da antibioticoterapia antes da realização de PL estar associado frequentemente a um exame cultural de LCR negativo, habitualmente não provoca alteração do número de células nem da concentração de proteínas, mesmo que efectuado durante 44-68 horas. Nestes casos, a presença de pleiocitose e proteinorráquia permitem inferir como provável o diagnóstico, podendo o agente ser identificado por hemocultura e exames não-culturais.

Medidas de suporte

  • Monitorização dos sinais vitais, de manifestações neurológicas e do balanço hídrico.
  • Cabeceira elevada a 30º.
  • Suprimento hídrico endovenoso para 2/3 das necessidades, para prevenção do edema cerebral de forma a obter pressão arterial sistólica em valores cerca de 80 mmHg, diurese cerca de 500 mL/m2/dia e perfusão tecidual adequada.
  • Dopamina e outros agentes inotrópicos: poderão estar indicados com o objectivo de manter uma pressão arterial adequada.

Antibioticoterapia

1. Empírica (Quadro 4)

A terapêutica inicial da meningite bacteriana aguda deve cobrir os dois agentes mais frequentes (S. pneumoniae e N. meningitidis), com o objectivo de obter níveis bactericidas no LCR. Actualmente, as cefalosporinas de terceira geração são recomendadas como primeira linha da terapêutica empírica, excepto nos recém-nascidos, não só pelo seu bom e abrangente perfil bactericida no LCR, mas também pela emergência de estirpes de pneumococos resistentes às penicilinas. Dentro do grupo, são recomendados cefotaxima (225-300 mg/kg/dia, 8/8h ou 6/6h) ou ceftriaxona (100 mg/kg/dia, 12/12 ou 24/24h) (Quadro 4). Com a emergência de estirpes de pneumococos resistentes às penicilinas e às cefalosporinas, muitos autores, bem como a Academia Americana de Pediatria, defendem o uso associado de vancomicina no tratamento empírico (60 mg/kg/dia, 6/6h, máximo 4 g/dia, de forma a obter valor sérico em vale superior a 10-15 mcg/mL). Listeria é intrinsecamente resistente às cefalosporinas pelo que, na suspeita de meningite por este agente deve ser usada ampicilina (2 g 4/4h) ou amoxicilina, por via endovenosa, em doses altas, associada a gentamicina nos primeiros 7 dias de terapêutica.

QUADRO 4 – Esquemas de antibioticoterapia empírica de acordo com idade.

Idade Esquemas em 1ª escolha
1-3 meses
    • Ampicilina (400 mg/kg/dia, máx.12 g/dia) + Cefotaxima (200-300 mg/kg/dia, máx.12 g/dia) ou Ceftriaxona (100 mg/kg/dia, máx. 4 g/dia)
    • Ampicilina + Gentamicina
    • Ampicilina + Cefotaxima + Vancomicina
> 3 meses Ceftriaxona (100 mg/kg/dia, máx. 4 g/dia) ou Cefotaxima (200-300 mg/kg/dia, máx. 12 g/dia) + Vancomicina (60 mg/kg/dia)

 

O resultado da coloração de Gram pode orientar na escolha terapêutica:

  • Gram-negativo (provável N. meningitidis): cefalosporina de 3ª geração, cefotaxima IV (200-300 mg/kg/dia em 4 doses) ou ceftriaxona IV (100 mg/kg/dia) em dose única diária (sendo em duas doses com intervalo de 12 horas nas primeiras 24 horas de terapêutica).
    Alguns autores propõem, mesmo nos casos com resultado conhecido da coloração de Gram, a associação empírica inicial com vancomicina (ver abaixo) de modo a cobrir H. influenzae do tipo b, resistente às b-lactamases;
  • Gram-positivo (provável S. pneumoniae): cefalosporina de 3ª geração, cefotaxima IV (200-300 mg/kg/dia em 4 doses) ou ceftriaxona IV (100 mg/kg/dia) em dose única diária (após duas doses com intervalo de 12 horas nas primeiras 24 horas de terapêutica), associada a vancomicina IV (60 mg/kg/dia em 4 doses);
  • Desconhecendo-se o resultado da coloração de Gram, e em crianças de idade inferior a 2 anos, ou com factores de risco de doença pneumocócica invasiva, a terapêutica empírica inicial deverá incluir uma cefalosporina de 3ª geração e vancomicina (ver atrás). Em crianças com idade superior a 2 anos e sem factores de risco referidos, a terapêutica empírica inicial deverá incluir apenas uma cefalosporina de 3ª geração.

No caso de situações especiais, a terapêutica empírica deve ser ajustada à situação clínica subjacente. (Quadro 5)

QUADRO 5 – Antibioticoterapia.

FACTOR DE RISCOETIOLOGIAANTIBIOTICOTERAPIA
NeurocirurgiaStaphylococcus (CN e aureus)
Pseudomonas aeruginosa
Outros Bacilos G-
Vancomicina +
Cefalosporina 3ª G +-
Aminoglicosídeo
Fístula LCRStreptococcus pneumoniae
Haemophilus influenzae
Vancomicina +
Cefalosporina 3ª G
Derivação Ventriculoperitoneal (VP)Staphylococcus (CN e aureus)
Streptococcus pneumoniae
Haemophilus influenzae
Vancomicina +
Cefalosporina 3ª G
Sinus dermóide
Mielomeningocele
Staphylococcus (CN e aureus)
Bacilos G-
Vancomicina +
Cefalosporina 3ª G +-
Aminoglicosídeo
Infecção por VIH
Hipogamaglobulinémia
Patologia ORL
Streptococcus pneumoniae
Haemophilus influenzae
Vancomicina +
Cefalosporina 3ª G
Asplenia
Drepanocitose
Streptococcus pneumoniae
Neisseria meningitidis
Salmonella
Vancomicina +
Cefalosporina 3ª G
Défices do complementoNeisseria meningitidisCefalosporina 3ª G
2. Terapêutica dirigida e duração

S. pneumoniae:

  • Sensível à penicilina (~75% dos casos): substituir cefalosporina por penicilina G aquosa IV (400.000U/kg/dia em 4 a 6 doses);
  • Sensível às cefalosporinas de 3ª geração (concentração inibitória mínima < 0,06 mcg/mL): interromper a vancomicina e manter ceftriaxona ou cefotaxima.

Se CIM para cefotaxima elevada (~ 2 mcg/mL), deve utilizar-se uma dose mais elevada da mesma (300 mg/kg/dia) ou ceftriaxona (200 mg/kg/dia), em associação a vancomicina (60 mg/kg/dia). Nos casos raros de resistência às cefalosporinas de 3ª geração (~25%), a monoterapia com vancomicina, antibiótico com penetração deficiente no SNC, poderá não ser adequada para uma rápida esterilização do LCR, razão pela qual deve ser adicionada rifampicina (600 mg 12/12 h). Estudos recentes sugerem que a terapêutica com carbapenemes (meropenem ou imipenem) ou com linezoline, combinada com rifampicina, pode ser uma opção nestes casos;

  • Duração: 10-14 dias.

N. meningitidis:

  • Penicilina G aquosa IV (400.000U/kg/dia em 4 a 6 doses) ou ceftriaxona ou cefotaxima;
  • Duração: 5-7 dias para casos não complicados.

H. influenzae:

  • Cefotaxima ou ceftriaxona, conforme doses indicadas previamente. Em alternativa: ampicilina/amoxicilina ou cloranfenicol;
  • Duração: 7-14 dias.

L. monocytogenes:

  • Ampicilina IV (200 mg/kg/dia) em 4 doses diárias, à qual se pode associar, nos primeiros 7-10 dias, gentamicina. Em alternativa: trimetoprim-sulfametoxazol IV (10-20 mg/kg 6-12 h).
  • Duração: 21 dias.

Staphylococcus aureus:

  • Flucloxacilina 2 g 6/6h ou vancomicina, à qual se poderá associar rifampicina. Em casos de SAMR, o linezoline é uma boa alternativa.
  • Duração: 14 dias.

Bacilos Gram-negativos (E. coli, Pseudomonas aeruginosa, Klebisella pneumoniae):

  • Cefalosporinas de 3ª geração (ceftriaxona, ceftazidima, cefotaxima) ou, em alternativa, meropenem;  aeruginosa: ceftazidima (maioria é sensível). Em alternativa, meropenem com gentamicina;
  • Duração: 21-27 dias ou 2 semanas após esterilização do LCR (o que pode acontecer entre 2-10 dias depois do início do tratamento).

Corticoterapia

O efeito anti-inflamatório dos corticóides na meningite bacteriana tem sido explorado nos últimos anos, contudo a sua utilização continua a considerar-se controversa devido a diferenças entre estudos relativamente a metodologia, gravidade da doença, co-morbilidades, agentes bacterianos e antibioticoterapia efectuada. No entanto, foi demonstrada uma diminuição das sequelas auditivas ligeiras com o uso da dexametasona antes do início da antibioticoterapia (0,15 mg/kg cerca de 15-20 minutos antes e depois de 6 em 6 horas durante 4 dias) na meningite por H. influenzae b (se iniciada até uma hora após a administração do antibiótico).

Em relação às meningites pneumocócica e meningocócica, de acordo com múltiplos estudos efectuados, não foi demonstrada vantagem na diminuição de sequelas.

O uso de corticóides não está associado a diminuição da mortalidade, independentemente do agente.

Actuação nos casos de hipertensão intracraniana

  • Elevação da cabeceira a 30º, cabeça na linha média, minorar estímulos externos, hipotermia normal a moderada e evitar hipercápnia.
  • Manitol 20% – Nos casos de hipertensão intracraniana está indicada a administração precoce de manitol (0,25-1 g/kg/dose IV durante 20-30 minutos, podendo ser repetida a administração 0,25 g/kg/dose em intervalos 2-3 h ou 1 g/kg/dose em intervalos 4-6 h); o mesmo produz efeito diurético osmótico que, ao aumentar transitoriamente a osmolalidade do espaço intravascular, condiciona um movimento de água dos tecidos cerebrais para o espaço intravascular.
  • Acetazolamida e furosemido – a sua eficácia em doentes com meningite bacteriana não foi demonstrada em estudos controlados.

Actuação em caso de convulsões

As convulsões são frequentes na meningite bacteriana, estando associadas a maior mortalidade.

Durante a convulsão, assegurando-se a permeabilidade da via aérea (ressucitação ABC), devem ser administradas de imediato drogas anticonvulsantes por via endovenosa. A terapêutica inicia-se, preferencialmente, por diazepam IV (0,2-0,5 mg/kg/dose). Após paragem da convulsão deve iniciar-se fenitoína (dose de impregnação de 15-20 mg/kg, seguida de dose de manutenção de 5 mg/kg/dia) a fim de evitar recorrência. A fenitoína, obrigando a monitorização sérica, é preferível ao fenobarbital pela menor probabilidade de depressão respiratória: os níveis séricos deverão ser mantidos entre 10-20 mcg/mL. Neste contexto haverá também que proceder ao doseamento sérico de glucose, cálcio e sódio.

Complicações, sequelas e prognóstico

O prognóstico da meningite está directamente relacionado com: – a idade (pior no período neonatal); – com a precocidade da antibioticoterapia (melhor quando iniciada nas primeiras 48 horas de doença); – com o agente e número de colónias (mau prognóstico se associado a mais de 10 UFC/mL); e – com comorbilidades.

São factores de mau prognóstico:

  • Atraso no diagnóstico e início do tratamento;
  • Recém-nascidos e lactentes com < 6 meses; imunodeprimidos;
  • Meningite por Gram-negativo, por pneumoniae e por microrganismo multirresistente aos antimicrobianos;
  • LCR: glicorráquia < 20 mg/dL na admissão e elevado número de células;
  • Sinais neurológicos focais ou coma na admissão;
  • Convulsões tardias (> 72 h após início da antibioticoterapia);
  • Factores do meio ambiente: más condições socioeconómicas, sobrepopulação.

Globalmente, a meningite bacteriana aguda tem uma mortalidade inferior a 10%, sendo esta mais elevada no período neonatal e nos casos de etiologia pneumocócica.

Em relação à evolução clínica no decurso do internamento, as convulsões nos primeiros 3 dias de internamento têm, regra geral, valor prognóstico irrelevante. Contudo, convulsões difíceis de controlar, que persistem ao 4º dia de internamento ou que surgem tardiamente (após 72 h), estão geralmente relacionadas com uma evolução complicada e sequelas graves, as quais são mais frequentes no contexto de convulsões focais do que no de generalizadas. Nestes casos deve proceder-se a EEG.

A febre prolongada (persistente ao 8º dia de antibioticoterapia) pode estar associada a resposta terapêutica desfavorável, designadamente por complicações supurativas da meningite (abcesso cerebral, empiema subdural ou pleural, artrite séptica, pericardite), intercorrência vírica ou infecções associadas a dispositivos implantados.

As sequelas a longo prazo variam conforme o agente etiológico, a idade do doente, os sinais clínicos iniciais e o atraso no diagnóstico.

Assim, estas crianças devem ter uma vigilância mantida após o internamento, para detecção precoce das sequelas e tentativa de minorar consequências. Ainda que na maioria dos casos as sequelas neurológicas sejam subtis e dificilmente detectáveis, nomeadamente a dificuldade na aprendizagem que pode ter etiopatogénese multifactorial, nalguns doentes surgem sequelas graves: surdez neurossensorial em 33,6% (S. pneumoniae ≤ 30%, por N. meningitidis 10% e Hib 85-40%), epilepsia (12,6%), hemi/tetraparésia, ataxia, atraso do desenvolvimento psicomotor (9%), hidrocefalia obstrutiva (7%), atrofia cerebral e cegueira (6%).

O défice da audição pode ser precoce ou tardio e a sua detecção permitirá medidas que têm como objectivo a recuperação precoce.

As sequelas motoras, neurológicas ou por amputação (nomeadamente nalguns dos casos de sépsis meningocócica que se manifestam por coagulação intravascular disseminada e choque por endotoxinas) implicarão um trabalho de reabilitação, de terapia ocupacional e de apoio psicológico de modo a rendibilizar, ao máximo, a função de cada doente com a utilização de todas as suas potencialidades.

Prevenção

A quimioprofilaxia utiliza-se nos casos de doença invasiva por N. meningitidis e H. influenzae. A quimiprofilaxia no âmbito da comunidade deve ser decidida pela Autoridade de Saúde local. Na doença invasiva por S. pneumoniae a quimioprofilaxia não tem qualquer interesse, uma vez que a colonização nasofaríngea é muito frequente e existe uma grande variabilidade de serótipos.

1- N. meningitidis se:

→ contacto prolongado (> 8 horas) e próximo (< 1 metro) com o doente ou que tenham sido expostos às secreções orais do doente nos sete dias anteriores ao início dos sintomas ou até 24 horas após o início de terapêutica eficaz;

→ conviventes no domicílio do doente, pessoas que tenham partilhado o mesmo quarto, assim como quaisquer pessoas expostas às suas secreções orais, nomeadamente através dos beijos, partilha de escovas de dentes ou utensílios de mesa;

→ adultos e crianças que, mesmo não tendo qualquer relação de proximidade com o doente, tenham frequentado as mesmas creches, amas ou jardins de infância;

→ viajantes que tenham tido contacto directo com as secreções respiratórias do doente ou que tenham estado sentados ao lado do doente num vôo prolongado (> 8 horas);

→ indivíduos que tenham tido contacto estreito e frequente com o doente, em escolas do ensino básico e secundário; em geral, não se consideram contactos íntimos os casos de colegas cuja única relação com o doente frequentarem a mesma sala;

→ indivíduos que tenham sido expostos a secreções orais: ressuscitação boca-a-boca, intubação endotraqueal; relativamente à maioria dos trabalhadores da área da saúde somente se consideram contactos íntimos os casos associados a exposição directa às secreções respiratórias (aspiração ou entubação, por exemplo).

As opções disponíveis estão resumidas no Quadro 6.

QUADRO 6 – Esquemas de quimioprofilaxia

Fármaco Idade Dose Duração
Rifampicina < 1 mês 5 mg/kg de 12/12 horas 2 dias
> 1 mês 10 mg/kg de 12/12 horas 2 dias
Adultos 600 mg 12/12h 2 dias
Ceftriaxona < 15 anos 125 mg Toma única
Adultos 250 mg Toma única
Ciprofloxacina Adultos 500 mg Toma única
2- H. influenzae b em todos os contactos íntimos domiciliários nas seguintes circunstâncias:

→ existência de 1 contacto com idade < 4 anos que não tenha recebido o número preconizado de doses da vacina contra Hib. A criança susceptível deverá receber uma dose de vacina, planeando-se entretanto a aplicação das restantes doses, se for caso disso;

→ existência de contacto com criança imunocomprometida, independentemente do seu estado vacinal e da idade.

A profilaxia deve ser feita com rifampicina, de acordo com a idade e o peso:

  • Idade < 1 mês à 10 mg/kg, por via oral, de 24 em 24 horas, durante quatro dias;
  • Idade >1 mês à 20 mg/kg, até ao máximo de 600 mg por dose, por via oral, de 24 em 24 horas, durante quatro dias;
  • Adultos à 600 mg, por via oral, de 24 em 24 horas, durante quatro dias.

Deverá ser preenchido e enviado o impresso de Notificação das Doenças de Declaração Obrigatória quando estiver indicado. De salientar que a meningite por N. meningitidis, H. influenzae do tipo b e S. pneumoniae são de declaração obrigatória.

Adicionalmente, é obrigatória a notificação laboratorial de doença invasiva pneumocócica e meningocócica para o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge para caracterização molecular.

Vacinas

A melhor forma de prevenção contra a doença invasiva é através da vacinação. Actualmente estão incluídas no Programa Nacional de Vacinação as vacinas pneumocócica 13-valente, a vacina contra H. influenzae b e a vacina contra N. meningitidis serogrupo C. De referir ainda a introdução recente no mercado da vacina contra N. meningitidis do serogrupo B.

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