Sistematização

A alimentação constitui um domínio privilegiado de expressão psicopatológica: a mesma comporta uma dimensão social e representa a primeira grande função fisiológica que marca a génese e o desenvolvimento da vida afectiva. As alterações do comportamento alimentar podem ser sistematizadas do seguinte modo:

Quantitativas

  • por defeito: anorexia nervosa restritiva, inicialmente por recusa alimentar (sitiofobia) e, depois, por perda de apetite (anorexia); perturbação da ingestão alimentar por evicção;
  • por excesso: hiperfagia paroxística, ou seja, bulimia (ou hiperorexia ou poliorexia);
  • hiperfagia regular e compulsão alimentar conduzindo a excesso de suprimento energético e a obesidade.

Qualitativas

  • incidindo sobre a sede e a ingestão de bebidas (potomania);
  • incidindo sobre substâncias não nutritivas (pica, geofagia, coprofagia nas situações de deficiência profunda);
  • incidindo sobre substâncias tóxicas (alcoolismo, toxicomania);
  • incidindo sobre a escolha de alimentos (vegetarianismo).
  • mericismo (ou perturbação de ruminação): regurgitação repetida de alimentos após a alimentação ou ingestão; os alimentos parcialmente digeridos voltam à boca sem aparente náusea, vómito forçado ou repugnância.

Recentemente, tem-se dado maior relevância à perturbação da ingestão alimentar de evicção/restritiva, caracterizada pela alteração da ingestão ou alimentação (por aparente falta de interesse em se alimentar ou na comida; atitude de evitar alimentos com base nas características sensoriais dos mesmos; preocupação sobre consequências aversivas da alimentação – como, por exemplo, o temor a vomitar) manifestada por incapacidade persistente de atingir as necessidades nutricionais e/ou energéticas associada a 1 (ou mais) das seguintes circunstâncias: a) perda de peso significativa (ou incapacidade de atingir o ganho de peso esperado ou crescimento alternante nas crianças); b) deficiência nutricional significativa.; c) dependência de alimentação entérica ou de suplementos nutricionais orais.; d) interferência marcada com o funcionamento psicossocial.

Esta perturbação, muitas vezes encontrada em crianças com temperamentos ansiosos, é frequente na primeira e segunda infância, mas também em adolescentes. De salientar que nesta perturbação não existe uma preocupação excessiva com a percepção corporal nem existe receio de engordar.

anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) são situações que bem tipificam as alterações do comportamento alimentar. Contudo, de acordo com a sistematização anterior, verifica-se que existe um espectro variado doutras manifestações que, não preenchendo os critérios de AN e BN (ver adiante), integram fundamentalmente duas categorias: alterações não especificadas (EDNOS, sigla da literatura em inglês eating disorder no otherwise specified) e perturbação de ingestão alimentar compulsiva (ou BED, sigla de binge eating disorder).

Etiopatogénese

De acordo com os especialistas em psicopatologia, a designação de perturbações do comportamento alimentar não é correcta, pois o problema alimentar é apenas uma das manifestações de problema mais vasto. Seria talvez mais correcto denominá-las como perturbações do medo obsessivo de aumentar de peso ou engordar, acarretando uma série de medidas compulsivas destinadas a evitar essa consequência tão temida. Em particular o termo anorexia, que significa literalmente a perda de apetite, é particularmente incorrecto para designar uma doença na qual os que a padecem estão constantemente atormentados por pensamentos – e até sonhos – obsessivos com comida, e no que devem fazer para resistir à fome extrema de que padecem e para evitar o ganho de peso.

No estado actual dos conhecimentos admite-se a comparticipação associada de factores socioculturais, familiares, psicológicos (por ex. défice de autoestima, ansiedade, depressão), genéticos, etc.. Alguns casos estão associados a situações de disfunção familiar e a certos estereótipos de ideal de beleza e feminilidade associados a corpo magro. Estudos recentes apontam para a hipótese de certos genes determinarem maior predisposição quanto a comportamento. Embora não tenham sido implicados genes específicos, diversos estudos demonstraram níveis hormonais alterados de leptina, assim como de certos neuropéptidos, como a serotonina. Anteriormente julgava-se que as alterações do comportamento alimentar ocorriam apenas em famílias de robusto poder económico nas culturas ocidentais; no entanto, estudos recentes têm identificado incidência semelhante em populações de cultura dita oriental e de fracos recursos económicos.

Neste capítulo procede-se à descrição da anorexia nervosa (AN) e da bulimia nervosa (BN).

1. ANOREXIA NERVOSA

Definição e aspectos epidemiológicos

De acordo com os critérios da DSM-5, a síndroma anorexia nervosa (AN) é uma perturbação do comportamento alimentar caracterizada por:

  1. Restrição do consumo de energia relativamente às necessidades, conduzindo a um peso excessivamente baixo para a idade (abaixo do mínimo ideal), estatura e sexo.
  2. Medo acentuado de ganhar peso, ou de engordar, ou comportamentos persistentes que interferem com o ganho de peso, mesmo quando este é excessivamente baixo.

Apreciação distorcida do peso e da imagem corporal, não influência do peso ou da forma corporal na autoavaliação, ou não reconhecimento da gravidade do peso excessivamente deficitário.

Critérios como a “recusa alimentar ou a existência de amenorreia” foram retirados recentemente dos critérios clínicos. O primeiro, por implicar uma intencionalidade da parte do doente e ser difícil de aferir. O segundo, por não poder ser aplicado a doentes do sexo masculino e raparigas em fase pré-púbere, ou a raparigas a tomar anticonceptivos orais.

São considerados dois subtipos:

  • restritivo (abstenção voluntária de alimentos ou restrição do suprimento energético e/ou exercício físico excessivo).
  • compulsivo/purgativo (ingestão excessiva de alimentos seguida de autoadministração de laxantes, diuréticos, enemas, ou de provocação de vómitos).

Estima-se, segundo dados da literatura científica, maior frequência do tipo restritivo e, entre adolescentes, em especial com idades compreendidas entre 13 e 18 anos. Diversos estudos em populações com idade média de 15 anos apontam para taxas (entre 0,1 e 4,1%) sendo que mais de 90% dos casos ocorrem no sexo feminino. No entanto, os achados epidemiológicos nas últimas décadas têm mudado, verificando-se um aumento da prevalência no sexo masculino, minorias étnicas e em crianças com idades pré-púberes.

Manifestações clínicas e diagnóstico diferencial

O início do quadro clínico da AN passa frequentemente despercebido em fase inicial. Existe, em geral, uma atitude psicológica estereotipada: não reconhecimento sistemático dos sintomas, interesse por questões relacionadas com alimentos e regimes alimentares, atitudes de esconder alimentos em diversos locais, de dividir alimentos em pequenas porções, de preparar alimentos para outras pessoas sem os saborear, de não ter refeições na presença dos outros, e de observar o que os outros comem, etc..

Existem geralmente dificuldades relacionais importantes, relações sociais pobres, e vida sexual nula. Podem associar-se outros elementos: tomas excessivas de laxantes e vómito provocado (o sinal de Russel ou cicatriz no dorso da mão por introdução frequente desta na boca indicia tal). Outras manifestações incluem: sintomas depressivos (muito frequentemente associados à desnutrição), irritabilidade, hiperactividade, alterações do humor, intolerância ao frio e acrocianose, diminuição da líbido, etc..

A restrição alimentar com as consequências inerentes de emagrecimento em determinado contexto clínico conduzem à necessidade de diagnóstico diferencial com outras situações tais como: SIDA, doença neoplásica, síndroma da artéria mesentérica superior, síndroma depressiva, esquizofrenia, etc.. Importa referir que queixas gastrintestinais podem ser, em simultâneo, consequência, mas também a desculpa para uma doença do comportamento alimentar (i.e., justificar a restrição alimentar com queixas gastrintestinais).

Evolução, complicações e exames complementares

A duração da síndroma pode durar anos, sendo que a regressão espontânea não é habitual; conclui-se, pois, que o prognóstico é reservado considerando o risco vital (ver adiante síndroma de realimentação).

O regresso da menstruação é frequentemente considerado como uma melhoria franca, salientando se que apenas um em cada três doentes se cura definitivamente com a inserção social. As principais complicações da AN implicam a realização de determinados exames complementares, a planear caso a caso (para apreciar a repercussão biológica do estado de desnutrição e eliminar eventual causa orgânica). Os mesmos podem ser deduzidos das alterações verificadas na AN, integrando o Quadro 1.

QUADRO 1 – Anorexia nervosa

Alterações da homeostase térmica
– Hipotermia

Alterações cardiovasculares
– Hipotensão, bradicárdia, diminuição da tolerância ao esforço, edema periférico

Alterações do SNC
– Atrofia cerebral

Alterações renais
– Insuficiência pré-renal

Alterações hematológicas
– Anemia

Alterações gastrintestinais
– Atraso do esvaziamento gástrico, dilatação gástrica, défice de lipase e lactase intestinais

Alterações endócrinas
– Défice hormonal (hormona luteinizante, estrogénio, progesterona, estimulante folicular, tiroxina, tri-iodotironina, etc)
– Excesso hormonal (tri-iodo-tironina reversa, cortisol, GH, etc.)
– Diabetes insípida

Alterações metabólicas e hidroelectrolíticas
– Hipoglicémia, hipercolesterolémia, aumento do teor de enzimas hepáticas, desidratação, hipocaliémia, etc..

Síndroma de realimentação
– Hipofosfatémia (sinal cardinal) – consultar texto

Tratamento

As medidas gerais do tratamento da AN (com a actuação multidisciplinar das especialidades de pediatria, pedopsiquiatria e apoio de nutricionista) devem implicar uma relação com a pessoa doente, humanizada, muito personalizada e compreensiva, mas firme (referida pelo Professor Elysio de Moura como “mão de ferro em luva de veludo”); os objectivos fundamentais são a recuperação do peso adequado e a educação para a saúde sobre nutrição com a colaboração da família como forma de motivação para o tratamento, evicção das recaídas e tratamento da comorbilidade. Para a prossecução destes objectivos são adoptadas determinas estratégias a seguir descritas.

Intervenção nutricional

Os incrementos de peso para se atingir o peso adequado devem processar-se lentamente por etapas, tornando-se por vezes necessário o internamento no período inicial (Quadro 2).

Em regime de internamento são programados incrementos da ordem de 800-1200 gramas/semana e, ulteriormente, em regime ambulatório, entre 250-500 gramas/semana. Na fase inicial o suprimento energético, acompanhado de suplementos vitamínicos, deve ser da ordem de 30-40 kcal/kg/dia, progredindo até cerca de 70-100 kcal/kg/dia.

Ao abordar a intervenção nutricional no contexto de AN, cabe uma referência especial à chamada síndroma de realimentação, na base da qual estão desvios de fluidos e electrólitos decorrentes da intervenção referida, e em situação de má-nutrição grave. Tal síndroma pode ocorrer nos casos de peso para a altura < 80%, de altura para a idade < 85%, e de perda maciça de peso em situações de obesidade, marasmo ou kwashiorkor. O sinal cardinal é hipofosfatémia. Com efeito, durante a realimentação o suprimento de glucose origina secreção de insulina que, por sua vez, estimula a síntese de glicogénio, gordura e proteínas. De tal resultam:

  • a entrada de potássio, magnésio e fosfato nas células, com consequentes hipofosfatémia, hipopotassémia e hipomagnesiémia;
  • lesão celular secundária podendo originar arritmia cardíaca, disfunção cardíaca;
  • em formas graves, paragem cardiorrespiratória relacionável com diminuição do cálcio e magnésio séricos.

A excessiva administração de glucose pode levar a excesso de produção de CO2 e a insuficiência respiratória. A carência em tiamina, que é habitual na desnutrição grave, pode originar quadro de encefalopatia (estado confusional, ataxia, hipotermia, coma) se a administração de glucose for rápida. Para a prevenção da síndroma de realimentação, há que respeitar certas regras, destacando: a) avaliação seriada do balanço hidroelectrolítico; b) administração de tiamina antes da realimentação; c) suprimento energético inicial lento (<>60-70% das necessidades calculadas), com incrementos graduais durante 3 a 4 dias.

Intervenção psicoterapêutica

Este tipo de intervenção é essencial ao tratamento, existindo várias modalidades usadas especialmente no contexto da AN. As modalidades vão desde estratégias motivacionais (inspiradas no tratamento da toxicodependência), terapias cognitivo-comportamentais (destinadas à modificação de convicções e comportamentos patológicos) e terapias sistémicas ou familiares; com efeito, torna-se essencial incluir a família na intervenção psicoterapêutica.

Intervenção psicofarmacológica

Uma metáfora frequentemente usada no tratamento da AN é a de que a alimentação é o medicamento. Este deve ser administrado de forma precisa às horas precisas e de forma não negociável.

Embora o uso de medicamentos psicoactivos não seja consensual e tenha resultados modestos, em situações seleccionadas (e apenas após a fase inicial de recuperação do peso), é por vezes útil o tratamento com inibidores selectivos da recaptação de serotonina tais como a sertralina e fluoxetina (nomeadamente quando coexistem sintomas depressivos ou obsessivo-compulsivos). O uso de olanzapina em doses baixas (2,5 mg – 5 mg) pode ajudar a reduzir o pensamento obsessivo e melhorar a tolerância ao ganho de peso (também numa fase ulterior).

QUADRO 2 – Critérios de internamento na anorexia nervosa

Um ou mais dos seguintes critérios justifica o internamento:

1. ≤ 75% do IMC para idade e sexo

2. Desidratação

3. Alterações hidroelectrolíticas (hipopotassémia, hiponatrémia e hipofosfatémia)

4. Alterações do ECG (prolongamento de QTc e bradicárdia)

5. Instabilidade clínica

– Bradicardia grave (< 50/min de FC diurna e < 45/min de FC nocturna)

– Hipotensão arterial (< 90/45 mmHg)

– Hipotermia (Temperatura < 35.6ºC)

– Hipotensão ortostática

6. Hipocrescimento

7. Insucesso no tratamento em ambulatório

8. Recusa alimentar aguda

9. Comportamentos purgativos e de binge eating incontroláveis

10. Complicações médicas da má-nutrição (síncope, convulsões, insuficiência cardíaca, pancreatite, etc..)

11. Complicações médicas e psiquiátricas que condicionam o tratamento da AN em ambulatório (ex: depressão grave, ideação suicida, diabetes mellitus tipo 1)

1. BULIMIA NERVOSA

Definição e aspectos epidemiológicos

De acordo com os critérios da DSM-5, a bulimia nervosa (BN) é uma perturbação do comportamento

alimentar definida por episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva caracterizados por:

  • ingestão de grande quantidade de alimentos num período curto de tempo (até 2 horas), superior ao que a maioria das pessoas consideradas normais comeria;
  • sensação de incapacidade para controlar a quantidade e qualidade dos alimentos;
  • comportamento de compensação no sentido de prevenir o incremento de peso: indução de vómito, abuso de laxantes, diuréticos, enemas, jejum ou exercício físico excessivo;
  • ocorrência de ingestão alimentar compulsiva e de comportamentos de compensação com a frequência de, pelo menos, 2 vezes por semana, e durante, pelo menos, 3 meses;
  • preocupação excessiva com o peso e a imagem corporal;

Manifestações clínicas e diagnóstico diferencial

No que respeita ao estado nutricional, as manifestações de BN não são tão exuberantes como na AN; com efeito, os doentes com BN têm em mais de 80% dos casos peso normal. Raramente existe obesidade, salientando-se que os episódios bulímicos nos obesos são pouco frequentes. Como manifestações mais típicas citam-se: perturbações gastrintestinais, como vómitos, dores abdominais associadas frequentemente a gastrite e esofagite, alterações da motilidade esofágica e gástrica, dilatação gástrica aguda, síndroma do cólon irritável, alterações dentárias (erosão do esmalte pela acção do suco gástrico), risco aumentado de pancreatite, etc.. É frequente encontrar, nestes doentes, irregularidades menstruais, problemas de fecundidade, episódios convulsivos inexplicados, e fadiga crónica.

Os doentes com bulimia nervosa e a sua família, parecem ser mais vulneráveis a síndromas depressivas e abuso de substâncias. Sendo mais frequente no início da vida adulta, durante muito tempo pensou-se que a BN teria um início mais tardio que a AN. Contudo, estudos recentes demonstram que o seu início ocorre tipicamente durante a adolescência sendo, no entanto, mais difícil o seu reconhecimento pelo facto de não acarretar necessariamente a perda de peso manifesta, tal como acontece na AN. A BN tem também sido reconhecida cada vez mais em rapazes homossexuais.

O diagnóstico diferencial da BN faz-se com a AN de tipo compulsivo/purgativo, síndroma depressiva atípica e perturbações da personalidade. A propósito, e como nota de síntese, importa reter a seguinte noção: certos bulímicos são antigos anorécticos e cerca de metade dos anorécticos são bulímicos.

Complicações

As principais complicações da BN, nem sempre fáceis de distinguir das próprias manifestações, (implicando, por vezes, a realização de determinados exames complementares para apreciar a repercussão sobre o estado geral e eliminar eventual causa orgânica), são sistematizadas no Quadro 3.

QUADRO 3 – Complicações da bulimia nervosa

Alterações gastrintestinais

– Dilatação e perfuração gástricas, hérnia do hiato esofágico, perfuração esofágica, pneumomediastino.

Alterações hidroelectrolíticas e metabólicas

– Desidratação, hiponatrémia, hipoclorémia, hipomagnesiémia, alcalose metabólica, etc..

Tratamento e evolução

As medidas gerais do tratamento da BN, que pode ser efectivado em regime ambulatório (com a actuação multidisciplinar das especialidades de pediatria, pedopsiquiatria e apoio de nutricionista), devem implicar uma relação personalizada médico-doente, humanizada e compreensiva, mas firme; os objectivos fundamentais são a alteração do padrão alimentar compulsivo e de manobras purgativas, promover a educação para a saúde sobre nutrição com a colaboração da família como forma de motivação para o tratamento, corrigir ideias pré-concebidas e atitudes disfuncionais, prevenção das recaídas e tratamento da co-morbilidade. Para a prossecução destes objectivos são adoptadas resumidamente as seguintes estratégias:

Intervenção nutricional

Este tipo de intervenção consiste fundamentalmente na promoção de regime alimentar equilibrado e saudável com vista à manutenção de peso adequado.

Intervenção psicoterapêutica

Este tipo de intervenção abrange a chamada terapia cognitivo-comportamental (técnicas de alteração de comportamentos inadequados, reeducação alimentar reduzindo, designadamente os regimes restritivos, automonitorização da ingestão alimentar, pesagem regular etc.), psicoterapia interpessoal, psicoterapia individual ou de grupo, orientação e terapia familiares.

Intervenção psicofarmacológica

Este tipo de intervenção pode englobar, nomeadamente, a utilização de fármacos inibidores de recaptação selectiva da serotonina com efeito nas perturbações do humor e ansiedade (como por exemplo, a fluoxetina em doses 20-60 mg). Há quem preconize a utilização de fármacos que atenuam os efeitos de uma hiperemese excessiva (inibidores selectivos da bomba de protões, suplementos de potássio), mas tal actuação é controversa. A evolução das perturbações, bem como a resposta ao tratamento, são muito variáveis (desde muito boas a muito más).

Pode ser necessário o internamento temporário de doentes com bulimia nervosa, quando os comportamentos purgativos são incontroláveis e acarretam consequências médicas graves (arritmias cardíacas, acalasia, etc..)

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