Períodos, etapas e áreas de desenvolvimento

É universalmente aceite que o desenvolvimento da criança se faz por etapas e que existem desempenhos característicos de cada idade. De acordo com certos autores (Piaget, Gesell, Freud, Winnicott) essas etapas têm fundamentos filosóficos diferentes e traduzem-se por aquisições em áreas ou domínio de funções diferentes do mesmo.

A teoria de Piaget, baseada no desenvolvimento, (ou “desenvolvimentista”), muito utilizada, baseia-se na interacção contínua do indivíduo com o meio, num processo de adaptação (acomodação-assimilação) e traduz-se por vários estádios que fornecem informação acerca de capacidades e limitações da criança numa dada idade. De uma forma geral, os períodos de desenvolvimento tendem a ser organizados em dois grandes grupos, do zero aos seis anos e dos seis aos 12 anos. Tal deve-se ao facto de, após os seis anos de idade, se considerar a escolaridade como indicativa do desenvolvimento em várias áreas, sendo o aproveitamento escolar demonstrativo de algumas aquisições, permitindo dar muita informação sobre a criança.

No entanto, estas noções devem sempre ser encaradas de uma forma dinâmica e contextualizada, com o intuito de promover o acompanhamento da criança, e nunca de forma a estigmatizar as falhas e a impor um “rótulo”. É, por isso, fundamental ter a noção de que é essencial um suporte orgânico ou alicerce para o desenvolvimento, mas também que é a estimulação providenciada pelo meio que permite o desenvolvimento de potencialidades. As várias aquisições fazem-se de acordo com a maturação orgânica e exigências exteriores, em sinergia e continuidade. Cada aquisição é fundamental para o desenvolvimento da seguinte, não só porque constitui o seu substrato, mas também porque funciona como fonte de estímulo para novas aprendizagens.

Exemplo disto é a sequência sentar-se → elevação para posição bípede; o aumento do tono da coluna vai permitir uma elevação do campo da visão e necessariamente uma maior curiosidade pelo meio. Embora as habilidades e aquisições da criança devam ser entendidas num todo porque são interdependentes, a avaliação da criança deve ser realizada por áreas dado que este modelo permite uma maior pormenorização de tarefas e melhor sistematização das alterações quando estas existem. Deste modo e, independentemente da escala de desenvolvimento utilizada, são contemplados globalmente os seguintes parâmetros:

  • Autonomia pessoal e social – O desenvolvimento pessoal envolve uma grande variedade de habilidades que podem ser agrupadas em hábitos – alimentação, controlo de esfíncteres, e emoções – sorrir, noção de identidade.
  • Comunicação – A comunicação envolve mais competências não verbais, como as expressões faciais, gestos e movimentos posturais, bem como competências verbais. A comunicação está obviamente ligada à audição e à cognição na medida em que é a função intelectual que analisa, quer a linguagem compreendida, quer a linguagem expressiva.
  • Cognição – Esta área de desenvolvimento inclui o leque de atenção, a noção de permanência do objecto, a noção de causalidade, a imitação, a estruturação espacial-temporal e o jogo, sendo através deste último que a criança recria o mundo que a rodeia, aprendendo a brincar e a jogar de formas cada vez mais complexas. A cognição relaciona-se com o desenvolvimento social e emocional, e os processos mentais superiores com o pensamento, memória e aprendizagem.
  • Motricidade grosseira – As habilidades motoras globais envolvem o movimento de grandes massas musculares e incluem o controlo postural e os padrões locomotores rudimentares – sentar-se, gatinhar, andar, correr. Numerosos autores, especialmente Wallon, deram grande importância ao tono no desenvolvimento motor e psicológico. O desenvolvimento é acompanhado de um aumento do tono axial e processa-se a par da diminuição progressiva da hipertonicidade dos membros; é uma certa extensibilidade que permite o jogo harmonioso dos músculos para a realização das sinergias motoras.
  • Motricidade fina e visão – A motricidade, é o meio através do qual a consciência se edifica e se manifesta. Nesta perspectiva, a motricidade passa a ser compreendida nas estruturas associativas que a planificam, elaboram, regulam, executam e integram. O desenvolvimento das habilidades motoras finas (preensão, manipulação) é uma aquisição que distingue o ser humano das outras espécies animais. A visão está intimamente associada à motricidade fina, permitindo avaliar, entre outros, designadamente a capacidade visual, a persistência e a dominância (Quadro 1).

QUADRO 1 – Etapas do desenvolvimento psicomotor (dos 3 aos 60 meses)

Áreas/ Parâmetros


Idades

Locomoção
Motricidade global

Pessoal e Social
Autonomia pessoal e social
Audição e Linguagem
Comunicação
Visão – manipulação
Motricidade fina e visão

Proezas e raciocínio
Cognição

3 mesesEleva a cabeça na posição dorsal

Segue pessoa com o olhar
Sorri em resposta a uma atitude

   
6 meses

Senta-se com suporte
Rola

Manipula colher (a brincar)
Bebe por caneca

Emite mais do que quatro sons
Responde quando chamado
Brinca com objecto
Segue objecto a cair
Tira objecto da mesa
9 meses

Tenta gatinhar
Fica sentado no chão

Tira um chapéu
Ajuda a segurar um copo

Galreia
Diz uma palavra nítida

Faz preensão fina (“pinça” com o polegar e indicador)
Atira para fora objectos

Brinca com pedaço de papel
Fica com objecto

12 meses

Gatinha
Anda com auxílio

Brinca com a colher (sabe função)
Bate palminhas

Reage vocalmente à música
Balbucia quando sozinho

Aponta um dedo
Pega num lápis

Cumpre ordem simples
15 meses

Anda sozinho
Sobe escadas

Usa a colher sozinho
Abraça os pais

Usa cinco palavras
Identifica objectos

Coloca objecto sobre o outro
Rabisca livremente

Indica desejos
Põe e tira objectos de uma caixa

18 meses

Anda “marcha-atrás”
Trepa cadeira

Utiliza copo meio cheio
Tira sapatos e meias

Diz nove palavras
Gosta de livros ilustrados

Atira uma bola
Faz uma torre com três cubos

Tapa uma caixa
Aponta uma parte do corpo

24 meses

Chuta uma bola
Sobe e desce escadas

Ajuda a vestir-se/despir-se
Consegue abrir a porta

Nomeia quatro brinquedos
Usa frases

Atira uma bola ao cesto
Faz um traço horizontal

Desenrosca um frasco
Aponta quatro partes do corpo

36 meses

Salta com pés juntos
Equilibra-se com um pé

Diz o 1º nome quando pedido
Guarda os brinquedos

Nomeia doze objectos
Usa dois ou mais adjectivos

Faz uma torre com oito cubos
Copia um círculo

Sabe o que é dinheiro
Distingue grande/pequeno

48 meses

Marcha com música
Salta dois degraus

Calça meias e sapatos
Sabe a idade

Usa pronomes pessoais
Conhece seis cores

Corta um quadrado em dois
Desenha um homem

Conta para além de quatro
Compara dois tamanhos e dois pesos

60 meses

Corre para chutar uma bola
Desce escadas como adulto

Lava sozinho mãos e cara
Sabe morada (rua e número)
Usa bem o garfo e a faca

Define pelo uso seis palavras
Descreve um desenho grande

Copia uma cruz
Desenha uma casa
Corta papel com tesoura

Conhece duas moedas
Conhece três moedas
Conta dez cubos

QUADRO 2 – Desenvolvimento psicomotor e sinais de alarme

1 – 2 meses

  • Em posição sentada: instabilidade cefálica;
  • Em posição vertical ou quando suportado pelo examinador em decúbito ventral, evidencia hiper ou hipotonicidade;
  • Não segue a face do observador;
  • Não sorri;
  • Não estabelece qualquer tipo de contacto social.

3 – 4 meses

  • Não fixa, nem segue objectos;
  • Não dirige os olhos ou a cabeça para o som (principalmente) quando ouve a voz humana;
  • Deixa cair a cabeça para trás, quando seguro pelas mãos e antebraços;
  • Mantém as mãos sempre fechadas;
  • Membros rígidos em repouso;
  • Postura assimétrica;
  • Reage com choro ao tacto;
  • Actividade motora monótona.

6 meses

  • Não “segura” a cabeça (instabilidade);
  • Membros inferiores com rigidez;
  • Segue objectos;
  • Assimetria na postura;
  • Não reage aos sons, evidenciando “apatia”;
  • Ausência de vocalização;
  • Ausência de preensão palmar (não agarra os objectos);
  • Estrabismo constante.

9 meses

  • Desequilíbrio em posição de sentado;
  • Imobilidade na posição de sentado, permanece imóvel;
  • Ausência notória de preensão palmar, não levando os objectos à boca;
  • Ausência de vocalização;
  • Ausência de contacto social;
  • Engasgamento fácil.

12 – 18 meses

  • Imobilidade permanente, não procura mudar de posição;
  • Postura assimétrica;
  • Não agarra os objectos ou agarra-os só com uma mão;
  • Ausência de resposta à voz;
  • Não mastiga;
  • Não brinca, mantendo apatia;
  • Não “obedece” às ordens simples;
  • Não diz palavras que se percebam.

2 anos

  • Ausência de marcha;
  • Manipulação dos objectos sem finalidade aparente;
  • Parece não compreender o que se lhe diz;
  • Não diz palavras perceptíveis.

Mais de 3 anos

  • Hiperactividade e dificuldade de concentração;
  • Linguagem incompreensível;
  • Aparenta “não ver”;
  • Alterações do comportamento (agressividade na escola ou no meio familiar, dificuldade no convívio com outras crianças, birras excessivas, reacção excessiva se separado da mãe.

 

De reiterar que todos estes domínios são interdependentes, cada um deles influenciando e sendo influenciado pelos outros. Após a avaliação de cada um destes domínios por tarefas, (sendo de referir que cada uma permite perceber mais do que uma capacidade), é importante analisar o desempenho e verificar se as falhas são pontuais ou globais e se eventualmente são alarmantes e carecem de encaminhamento para centro especializado na perspectiva de possível intervenção. No caso de crianças prematuras deve ter-se em conta a idade corrigida até aos dois anos de idade.

Chamando-se a atenção para variações individuais de semanas ou meses no respeitante, designadamente ao desenvolvimento cognitivo e motor tendo como referência o padrão médio da idade-chave em questão, o Quadro 2 de interesse prático para o clínico, elucida sobre determinadas falhas consideradas alarmantes, implicando eventual intervenção.

Pontos de viragem “Touch points” e intervenção preventiva

Está demonstrado que a auto-estima da criança poderá ser melhorada se a família adquirir conhecimentos e competências sobre o desenvolvimento motor, cognitivo e emocional em idade pediátrica. Nesta perspectiva, em colaboração com o médico e profissional de saúde, seguindo em conjunto a criança, e discutindo assuntos relacionados, haverá excelentes oportunidades para prevenir certas falências do desenvolvimento.

Por outro lado reforça-se a confiança e aliança entre profissional e família, o que contribui para o progresso do desenvolvimento. 
É esta a filosofia do modelo dos touchpoints, (pontos de viragem), que teve a sua criação em Terry Brazelton, seguido e desenvolvido em Portugal por Gomes Pedro. 
Baseia-se na teoria de sistemas. Cada componente deve reagir a todo e qualquer motivo de estresse que possa incorrer no sistema, e dado que cada membro partilha as suas reacções, a presença do técnico de saúde poderá reduzir o estresse tanto nos pais, como na criança. Cada momento de estresse é visto como uma oportunidade de aprendizagem, seja para o sucesso, seja para o insucesso.

O modelo dos “pontos de viragem” corresponde a um tipo de intervenção preventiva que dá relevo principal aos potenciais e forças da família e que combina a compreensão do desenvolvimento da criança com a criação de relações entre os intervenientes (técnico, clínico, pais e criança). O desenvolvimento da criança é descrito como não linear; é dinâmico, em surtos, com regressões, saltos e pausas, sendo que uma área de desenvolvimento influencia as outras. Os pontos de viragem são momentos em que uma mudança do sistema é provocada por uma alteração no desenvolvimento da criança, correspondendo a períodos previsíveis de regressão que ocorrem antes de um “salto” no desenvolvimento. Por outro lado, o desenvolvimento é multidimensional e interdependente; um salto numa área causa uma regressão temporária noutra área. Estes períodos de regressão causam desorganização no sistema no qual a criança está inserida, mas correspondem também a um período de reorganização. É possível que os pais se sintam desorientados e tenham medo de que a regressão conduza a uma alteração do comportamento.

Uma vez que estes períodos são previsíveis – um na gravidez, sete no primeiro ano, três no segundo ano e dois em cada ano subsequente, é função do médico e do técnico de saúde explicar antecipadamente o seu sentido aos pais, tendo em vista reduzir a ansiedade e aumentar a confiança naqueles. (Quadro 3)

Resumem-se a seguir, com exemplos concretos, alguns aspectos relacionados os oito pontos de viragem considerados por Brazelton e Gomes Pedro (desde a gravidez até aos 12 meses):

  • 1º Ponto de Viragem – O 1º ponto é importante para formar uma relação com os futuros pais; no 7º mês de gravidez o profissional tem a oportunidade de conhecer e partilhar preocupações com os pais establecendo-se uma relação de confiança antes da chegada do bebé.
  • 2º Ponto de Viragem – O 2º ponto dá-se no hospital ou em casa, pouco depois de o bebé nascer; pai e mãe, participando na consulta de avaliação, poderão ser sensibilizados para o comportamento do bebé designadamente no que respeita à sua notável capacidade para reagir ao ambiente que o rodeia.
  • 3º Ponto de Viragem – O 3º ponto deverá ocorrer entre as 2 – 3 semanas de vida; ou seja, antes da idade de 4 – 12 semanas, período este caracterizado por choro irritante ao fim do dia relacionado com a reacção do sistema nervoso imaturo aos estímulos ambientais. Com a intervenção antecipada (2–3 semanas), explicando aos pais que não deverão pegar no bebé (o que constitui estímulo adicional para choro irritante), o período de choro pode ser reduzido e o bebé fica mais calmo. É também a oportunidade para criar um ambiente calmo e caloroso, esclarecendo regras sobre a prática do aleitamento materno. Consequentemente os pais sentirão que foram bem sucedidos.
  • 4º Ponto de Viragem – O quarto ponto corresponde aos 2 meses, data de vacinas e em que se reavalia a alimentação, o sono e os ciclos de agitação. Se o profissional comentar com os pais certos padrões de comportamento do bebé (contacto social frente a frente, actividade motora, etc.), os mesmos poderão avaliar a aprendizagem já ocorrida no bebé, aumentando-lhes o auto-estima e o sentido de responsabilidade.
  • 5º Ponto de Viragem – O 5º ponto (consulta dos 4 meses) antecede um período de sobressalto na consciência cognitiva do ambiente: interrompe a refeição, olha em volta atento aos estímulos do ambiente e começa a acordar de noite após período de sono seguido, com mudança dos padrões alimentares. Esta fase do desenvolvimento corresponde a “rápido” sobressalto do mesmo, ou de “desorganização”. É então altura de os pais serem esclarecidos que tal período é precursor de rápido desenvolvimento e não constitui qualquer fracasso no que respeita aos cuidados prestados. É sinal de que o bebé precisará de refeições mais curtas sendo importante que os pais compreendam esta evolução. No que respeita ao sono, se o bebé tiver aprendido a encontrar conforto através duma forma independente de adormecer (por exemplo, chuchando no dedo ou agarrando-se ao cobertor), e não habituado a adormecer ao colo dos pais, haverá maior probabilidade de adormecer depois de acordar de noite.
  • 6, 7º e 8º Pontos de Viragem – Aos 6, 10 e 12 meses ocorrem mais três pontos de viragem, cada um dos quais constitui uma oportunidade para discutir questões que vão surgindo, com os pais. Cada ponto de viragem antecede um sobressalto numa ou mais áreas.

O Quadro 3 resume os aspectos principais de cada ponto de viragem até aos 36 meses. Salienta-se que a data em que os pontos de viragem acontecem pode ser alterada nos casos de prematuridade.

Em suma, os pais da criança sentirão que o médico e o profissional de saúde se preocupam não só com o progresso físico, mas também estão atentos ao seu desenvolvimento psicológico. Por outro lado, os referidos pontos de viragem podem ser encarados como oportunidades para dar apoio aos pais preocupados.

QUADRO 3 – Aspectos principais de cada ponto de viragem (touchpoints)

IDADES

1) Pré-natal

Preparação para a paternidade

Bebé imaginado (idealizado/real)

Relações familiares

Pai imaginado

2) Recém-nascido

Saúde

Bebé real

Emoções parentais

Afeição

3) 2-3 semanas

Exaustão parental

Alimentação

Relações entre os pais

Individualidade

4) 2 meses

Sociabilidade

Autoconfiança parental

Relações com o mundo exterior

 

5) 4 meses

Afeição

Interesse pelo mundo

Padrões de cuidados

 

6) 6 meses

Capacidades motoras

Alimentação

Sono

Permanência do objecto

7) 10 meses

Mobilidade

Referência social

Controlo (mover/pensar)

Permanência de pessoas

8) 12 meses

Independência

Capacidades motoras

Aprendizagem (descoberta)

Irritabilidade

9) 15 meses

Autonomia

Brincadeira (exploração)

Dependência

Linguagem

10) 18 meses

Conhecimento

Noção do “eu”

Exercício do controlo

Linguagem

11) 24 meses

Brincadeiras de “faz-de-conta”

Linguagem

Autonomia

Capacidades motoras

12) 36 meses

Imaginação

Medos e fobias

Linguagem

Relações com outras crianças

Os Anos Incríveis (ou Inacreditáveis) -“The Incredible Years”

Uma outra forma de abordar o neurodesenvolvimento infantil por pais e educadores é o de adoptar programas cientificamente comprovados em diferentes vertentes da vivência da criança, privilegiando o meio natural de vida, promotores de aquisição de competências e desempenho.

Carolyn Webster-Stratton defende desde os anos 80, um modelo de fácil aplicabilidade por pais e docentes a crianças de diferentes meios sócio-económicos, culturais e educativos; tal modelo resultou de um trabalho de investigação de mais de 20 anos.

O referido programa apresenta objectivos de curto prazo, designadamente:

  • Promoção de competências sociais, regulação emocional, atributos facilitadores de desempenho positivo, preparação académica e solução de problemas;
  • Prevenção, redução e tratamento de problemas emocionais e comportamentais em crianças pequenas;
  • Melhoria da interacção pais-filhos, construindo relações positivas e vinculação, aperfeiçoamento da funcionalidade parental, menos impositiva e mais orientadora, e promoção das atitudes de suporte na solução de problemas;
  • Melhoria das capacidades de liderança e pedagógicas dos docentes em sala de aula, relação de partilha e compromisso entre docente e aluno, e currículos que potenciem as competências sociais, emocionais e capacidade de gestão de conflitos.

Os objectivos a longo prazo visam prevenir problemas de comportamento, delinquência, violência e consumo de drogas.

As crianças e famílias elegíveis e potenciais alvos destes programas são:

  • Famílias de elevado risco, socioeconomicamente carenciadas;
  • Famílias biológicas e de acolhimento referenciadas para as Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ);
  • Crianças com problemas de comportamento (de agressividade, oposição e impulsividade);
  • Crianças com défice de atenção, de concentração, e com hiperactividade.

Estes programas têm sido aplicados com comprovado sucesso nos EUA.

Em Portugal, o Sistema Nacional de Intervenção Precoce para a Infância (SNIPI – DL 281/2009) apresenta uma base teórica segundo os modelos ecossistémicos, muito idêntica; tal sistema tem sido desenvolvido no nosso país com sucesso.

Contudo, muito há ainda a fazer, levantando-se, entre outras, as seguintes questões:

  • Cobertura do território nacional;
  • Necessidades das crianças e famílias em risco (dado que a maior parte dos recursos são consumidos por crianças em situação de deficiência instalada, do que resulta exígua cobertura das crianças e famílias de risco);
  • Necessidade de implementação de um programa contínuo de formação e aperfeiçoamento de docentes e técnicos ligados à infância, que integrem as Equipas Locais de Intervenção (ELI).

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