História e estado da arte

A transplantação (ou transplante) é a intervenção pela qual se procede à transferência de um tecido ou de um órgão para outra parte do mesmo indivíduo (autotransplante), ou para um indivíduo diferente (alotransplante).

A transplantação hepática (TH) mudou dramaticamente o prognóstico dos doentes com hepatopatia crónica, de 100% de mortalidade para 90% de sobrevida. Foi tentada pela primeira vez em 1963, em Denver, Boston e Paris, sem sucesso. Nessa altura a imunossupressão disponível incluía apenas azatioprina e soro anti-linfócito. De 1967 a 1978 a sobrevida em adultos e crianças que tinham um dador anatomicamente compatível não ultrapassava 40% e a transplantação era encarada como terapia experimental.

Em 1978 R. Calne introduziu na prática da transplantação a ciclosporina associada aos corticoides em altas doses e, na década seguinte, a sobrevida dos doentes atingiu 80%. Assim, o interesse pela TH ressurgiu simultaneamente em vários centros Europeus e dos EUA. Actualmente é um procedimento terapêutico bem estandardizado com critérios alargados a doentes com hepatopatia crónica ou aguda /fulminante e a muitos tipos de tumores. Os critérios foram ao longo do tempo modificados para se adaptarem à escassez crescente de dadores e para garantir uma distribuição de órgãos mais equitativa.

As crianças só vieram a beneficiar deste procedimento na década de 90, quando tecnicamente foi possível reduzir fígados de dadores adultos, de modo a obter um enxerto de dimensões adaptáveis a crianças, mesmo para as que tinham peso inferior a 10 Kg e que até aí eram praticamente excluídas da transplantação. Este primeiro marco na história da transplantação pediátrica permitiu reduzir a mortalidade em lista de espera de 60% para menos de 20% na maioria dos centros de TH.

Esta percentagem continuava, contudo, a ser inaceitável e novas técnicas começaram a ser divulgadas como o Split Liver (bipartição do enxerto em dois fragmentos para utilização em dois recetores) e o uso de Dadores Vivos. Na última década o TH de crianças a partir de dador vivo (DV) parental tornou-se a variante técnica mais promissora, com maior sobrevida e menor lesão do enxerto. Curiosamente, a incidência de rejeição celular aguda não diminuiu como seria de esperar, dada a maior proximidade imunológica do dador e receptor.

Um programa de DV envolve custos mais elevados, risco de morte do dador (5 /10000), e morbilidade acentuada (15 a 20%).

Inicialmente foi aceite pelas Comissões de Ética como um procedimento a efectuar apenas em crianças com doença crónica e relativamente electivas para permitir uma decisão do dador mais amadurecida, sem as pressões inerentes às situações de morte iminente. Progressivamente foi alargada a situações urgentes (hepatites fulminantes ou falência aguda em contexto de hepatopatia crónica algo que ainda é alvo de polémica nalguns centros. Com efeito, o uso de dadores vivos contraria um princípio ético básico em Medicina – primum num nocere, já que constitui uma mutilação induzida em pessoa saudável com risco de morte. Eticamente a transplantação com DV é aceitável se:

  • O TH for a única opção terapêutica;
  • A possibilidade de obter um dador cadáver em tempo útil for baixa;
  • O receptor tiver uma probabilidade elevada de sobreviver ao TH, com qualidade de vida;
  • O risco de morte para o dador for inferior a 1% e a morbilidade previsível inferior a 10%;
  • Nenhum tipo de pressão deve ser exercida sobre o potencial dador nos diálogos de decisão (o que na prática é utópico).

A lei previa inicialmente a doação entre indivíduos com graus de parentesco até ao 3º grau, mas foi revista recentemente (Lei nº 22/2007 de 29 de Junho), permitindo a doação entre casais ou entre pessoas com laços de proximidade.

Fígado auxiliar e transplante de células

Ambas são modalidades de transplante, exclusivas de Centros de Transplante Pediátrico de referência.

O TH com “fígado auxiliar” é tecnicamente mais complexo e aplicável a 2 tipos de situação:

  1. Hepatites fulminantes, permitindo recuperar a catástrofe metabólica instalada na insuficiência
    hepática e substituir o fígado nativo até que haja recuperação total. A recuperação total foi demonstrada em pequenas séries, ocorrendo em 60 % dos doentes e permitindo em média, ao fim de um ano, abandonar a imunossupressão face à regeneração do fígado nativo. O enxerto sofre processo de atrofia e não necessita de ser removido. O paciente, ainda que de forma diferida, recupera o estado clínico e imunológico de normalidade;
  2. Doenças metabólicas, em que o défice enzimático no fígado provoca lesões graves extrahepáticas, mas não há lesão hepática progressiva. O fígado auxiliar substitui a enzima deficiente e permite reter o fígado nativo até surgir a cura pela terapia génica (por exemplo: síndroma de Crigler-Najjar 1, acidémia propiónica, etc.).

Nos últimos 20 anos a ausência de avanços na terapia génica tornou questionável o uso de fígado auxiliar (porque tecnicamente mais complexo e menos acessível aos doentes em geral) e este procedimento tende a ser abandonado. Para patologias com deficiências enzimáticas de expressão hepática maioritária, novas técnicas como o transplante de hepatócitos ou de células progenitoras hepáticas (ainda mais promissora mas em início de investigação) são actualmente mais defensáveis.

Transplante de hepatócitos e células progenitoras hepáticas – stem-cells 

Estas alternativas ao transplante ortotópico clássico destinam-se essencialmente ao grupo de doenças metabólicas cujo defeito enzimático é predominantemente hepático não determinando cirrose avançada. Embora teoricamente possa ser usada em todas as doenças hepáticas, na prática os doentes com cirrose e hipertensão portal estabelecida obterão apenas, com este procedimento uma “ponte” para o transplante definitivo.

Até à data foram efectuados transplantes de hepatócitos num número reduzido de doentes pediátricos com as seguintes patologias: doença de Crigler-Najjar, acidémias orgânicas e hepatites fulminantes.

Tecnicamente é um procedimento simples, seguro e pouco invasivo para o doente, já que é apenas necessário inserir um cateter na veia porta para injecção diária de uma suspensão de hepatócitos (máximo 1×108 células/kg peso da criança). Na prática a fundamentação é baseada na verificação de que em poucos dias os hepatócitos injectados no fígado receptor proliferam e são capazes de substituir a função dos hepatócitos nativos.

A médio-longo prazo esperava-se que as células injectadas se tornassem a população dominante, assumindo as funções metabólicas deficitárias.

Tal como no transplante clássico, é necessário usar imunossupressão em esquemas sobreponíveis.

De referir que a procura de fígados para obter hepatócitos viáveis enferma dos problemas da TH clássica, embora permita utilizar alguns segmentos de parênquima que seriam eliminados por anomalias biliares ou vasculares. No transplante de hepatócitos o laboratório de células é uma estrutura fundamental e o maior investimento a ter em conta quando se opta por aceder a esta técnica em determinada instituição. Por este motivo, raros centros na Europa a iniciaram, mantendo uma actividade clínica e de investigação nesta área. Uma década passada sobre o uso deste procedimento em vários centros não permite manter a euforia inicial já que vários mecanismos impedem a fixação prolongada dos hepatócitos de modo a libertar o doente totalmente da sua terapia de base seja a fototerapia (C. Najjar 1) ou as dietas restritivas no caso de doenças metabólicas. Espera-se que as células progenitoras hepáticas contornem este problema de manutenção e proliferação de uma massa hepatocitária saudável e permanente.

TH em Portugal na idade pediátrica

Em Portugal o TH pediátrico foi iniciado em 1994 em Coimbra pela equipa de Transplantação dos Hospitais da Universidade de Coimbra, chefiada por A. Linhares Furtado. Até 2012 foram transplantadas 155 crianças, a que correspondem 180 transplantes; estes incluem, desde 2001, 24 casos com DV. A sobrevida global actual é de 84%, com um seguimento em mediana de 10 anos. O processo de transição para os adultos é efectuado entre os 17 e 18 anos, salientando-se que a maioria destes jovens tem uma boa qualidade de vida e uma integração social plena.

Indicações e contraindicações

A atrésia das vias biliares extra-hepáticas (AVBEH) constitui 40-50% das indicações para TH em idade pediátrica (80% se considerarmos a faixa etária abaixo dos 2 anos). A falência hepática aguda representa 10-15%, e o grupo das doenças metabólicas, cerca de 20%. Os restantes 20% englobam várias situações como colestases progressivas intra-hepáticas, tumores, hepatites víricas, hepatites autoimunes.

As contraindicações absolutas têm vindo a diminuir ao longo do tempo e actualmente dizem respeito a: coexistência de sépsis e falência multiorgânica nos casos de insuficiência hepática aguda ou crónica agudizada, disseminação metastática tumoral e lesão neurológica grave associada. Os dados são ainda insuficientes para validar a indicação em doenças com envolvimento multissistémico como nas deleções de DNA mitocondrial de expressão inicial hepática. Os doentes com infecção pelo vírus VIH e as síndromas portopulmonares têm vindo a ser incluídos com critérios restritos.

No Quadro 1 estão representadas as principais indicações de TH em três centros europeus.

QUADRO 1 – Indicações de TH em 3 centros europeus

1Londres; 2Bruxelas; 3Coimbra

ETIOLOGIAKing’s College1Saint-Luc2H.P.C. – H.U.C.3
Doença Hepática Crónica82%91%84%
Falência Hepática Aguda15%6%16%
Tumores3%3%3%
AVBEH41%66%30%
Colestase intra-hepática12%11%13%
Doença hepática metabólica16%9%30%
Outros13%5%8%

A avaliação pré-TH, peri e pós-operatória

A avaliação pré-TH pressupõe um diálogo dinâmico entre a instituição que referencia a criança e o centro que procede à transplantação, tentando prever em cada doente um ponto em que o risco do referido problema é inferior ao da espera em lista. Constitui ainda uma oportunidade de revisão diagnóstica, identificação de possíveis contraindicações, melhoria do estado nutricional e avaliação psicossocial da família. O estado nutricional dos receptores condiciona grande parte da morbilidade e mortalidade pós-TH, sendo fundamental a intervenção nesta área enquanto se aguarda a cirurgia.

A cirurgia de transplantação é complexa, prolongada (8-15 horas), inevitavelmente invasiva e seguida de várias complicações, com um padrão previsível no tempo. No entanto a maioria dos Centros demonstra uma curva de aprendizagem que reflecte sobretudo um menor tempo cirúrgico e de isquémia do enxerto, a par da diminuição da necessidade de transfusão, factores que, em conjunto, permitem atingir 98 a 100% de sobrevida no primeiro ano pós transplante e uma quase ausência de PNF, acrónimo que significa ausência primária de função de enxerto.

Complicações

As complicações precoces (até 3 meses) podem subdividir-se em 2 períodos:

  • Fase de estadia em UCI, reflectindo o grau de função do enxerto, avaliada em termos de recuperação neurológica, valor de protrombinémia, alcalose ou acidose. Podem ainda ocorrer insuficiência renal, hipertensão arterial grave, sépsis e falência multiórgão.
  • Fase pós-UCI, até 3 meses30% dos doentes são reoperados por: problemas vasculares (4 a 20%), biliares (15 a 30%), perfuração intestinal e peritonite ou drenagem de coleções ou hematomas. As infecções com ponto de partida abdominal ou relacionadas com cateteres centrais são também muito frequentes (pelo menos um episódio em 60% dos doentes), apesar da profilaxia antibiótica de largo espectro instituída na primeira semana.

As complicações tardias (>3 meses): – Para além da rejeição e das hepatites auto/aloimunes de novo (a que será feita referência especial a seguir) os principais problemas a destacar são:

  • A incidência de tumores em particular os relacionados com primoinfecção ou reactivação do vírus de Epstein-Barr (EBV). Este agente pode induzir, sobretudo nas crianças com menos de 5 anos, a síndroma de proliferação desregulada de linfócitos B, ou síndroma linfoproliferativa (acrónimo PTLD). A incidência tem diminuído de 12 a 20% (máximo registado na década de 90) para 2 a 4% graças ao uso de imunossupressão mais reduzida e a uma atitude de vigilância intensiva da carga vírica de EBV. A mortalidade é muito baixa quando comparada com outros linfomas utilizando uma estratégia de abordagem baseada na suspensão da imunossupressão (excepto corticóides) uso de valgangiclovir por períodos prolongados e protocolos modificados de quimioterapia.
  • RejeiçãoA última década foi marcada por enormes avanços na área da imunossupressão. Na maioria dos centros os doentes pediátricos recebem imunossupressão dupla geralmente tacrolimus (CNi, inibidor da calcineurina) e corticoide ou anticorpos monoclonais (anti-receptor da IL2) e tacrolimus em dose diminuída, não usando corticóide. A evicção dos corticóides tem vantagens óbvias nos pacientes pediátricos mas os estudos mais recentes dividem-se quanto à possibilidade de terapias universais sem corticóide. Na verdade, enxertos estáveis aos 5 anos, que passam a monoterapia com tacrolimus, podem agravar a fibrose nos 5 anos seguintes.
    Estudos multicêntricos aleatorizados são fundamentais para clarificar esta questão, bem como para uma melhor racionalização na prescrição dos novos imunossupressores disponíveis. A chamada e proclamada imunossupressão por medida” continua a ter protocolos pouco baseados na evidência sobretudo pela falta de marcadores biológicos e imunológicos que traduzam, de forma mantida e confiável, o estado de imunossupressão de cada paciente individual.
    Apesar de persistirem algumas limitações na compreensão e suporte teórico dos protocolos actuais de imunossupressão assiste-se a uma redução da taxa de rejeição celular aguda nas primeiras 6 semanas (de 50 para 30%), e a uma melhor abordagem da disfunção crónica de enxerto de causa desconhecida/imune. A taxa de rejeição crónica mantém-se na taxa 3-5%, mas a necessidade de retransplante precoce (< 6 meses) por rejeição crónica em doentes com boa adesão terapêutica é substancialmente menor.
  • Hepatites auto/aloimunes de novoEm 4% dos doentes pode surgir no 2º ano pós TH uma disfunção de enxerto, similar serológica e histologicamente à hepatite autoimune. Designa-se como autoimune de novo embora na verdade seja um processo aloimune. Pouco se sabe ainda da sua fisiopatologia, sendo o seu tratamento sobreponível ao usado na hepatite autoimune (essencialmente reforço da corticoterápia e reintrodução da azatioprina ou de micofenolato de mofetil).

Seguimento

Em ambulatório as crianças são observadas semanalmente nos primeiros 3 meses. Progressivamente as consultas vão sendo alargadas, realizando-se em mediana, de 3 – 3 meses a partir do 1º ano pós cirurgia. Uma larga maioria (>80%) tem uma vida activa e “quase normal” abstraindo que se mantém a doença crónica, nomeadamente o “fantasma” da rejeição ou da disfunção crónica do enxerto. As famílias têm muitas vezes muito receio da integração escolar e social dos pequenos transplantados. Tratando-se de crianças imunodeprimidas, salienta-se que as banais infecções da comunidade, não se manifestam com incidência mais elevada.

As vacinas de vírus vivo e vivo atenuado têm sido contraindicadas pós-transplante. Deve ser feito um esforço de cumprir/antecipar o programa de vacinação no 1º ano de vida quando se prevê que o transplante ocorra entre os 12 e 18 meses.

Em suma, o TH é uma terapia curativa para mais de 80% das crianças com diversas hepatopatias e, simultaneamente, uma nova doença crónica com inúmeras complicações. Consegue-se, apesar de tudo, uma sobrevida de 90% a 95% no 1º ano pós-cirurgia, estimando-se um acréscimo de mortalidade/ano de 0,5 % nos anos subsequentes. O objectivo primordial em termos de investigação é criar um imunossupressor que, actuando nas primeiras horas ou dias pós-cirurgia permite uma interacção “quimérica” vitalícia na relação enxerto/receptor. Viver sem imunossupressão e melhores marcadores desta relação imunológica parece ainda ser utópico quando relemos e revemos tudo o que se publica nesta área. É aparentemente um Futuro distante, mas a ciência surpreende-nos sempre.

Do ponto de vista prático os grandes avanços e preocupações na área da transplantação já não são técnicos, mas sim estabelecer modelos de intervenção que melhorem a qualidade de vida dos pequenos sobreviventes. Falamos de integração e sucesso escolar, de métodos para facilitar a adesão terapêutica (tão preocupante nos adolescentes), de fertilidade e de procriação. No fundo, a medicina de transplantação foi crescendo com os seus pequenos doentes e atingiu a idade adulta. Mais uma vez construir esta ponte é uma preocupação e um trabalho dos Pediatras. Sobreviver é uma realidade crescente, mas é fundamental ajudar a sobreviver (Viver) com qualidade e plena integração social e laboral. Parte deste trabalho é extrahospitalar e vai exigir o apoio da comunidade onde o doente reside. Para tal há que ter tempo para formação e sensibilização desta segunda rede de cuidados, tão essencial como a hospitalar.

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