Definição e importância do problema
A eventração diafragmática consiste numa elevação marcada do diafragma, uni ou bilateral, susceptível de originar respiração paradoxal. Esta alteração, mais frequente no lado esquerdo, pode ser congénita ou adquirida. (Figura 1)
Na forma congénita, o diafragma tem menor espessura por hipodesenvolvimento da componente muscular e maior desenvolvimento do tecido fibroso. Pode igualmente resultar de anormal desenvolvimento dos nervos frénicos. Não existindo em geral associação a hipoplasia pulmonar, a mesma poderá verificar-se relativamente a cardiopatia congénita, trissomias e sequestração pulmonar.
A forma adquirida poderá resultar de lesão iatrogénica do nervo frénico associada a intervenção cirúrgica, ou a lesão traumática do mesmo nervo relacionável com o parto distócico.
Manifestações clínicas
As manifestações clínicas integram essencialmente um quadro de dificuldade respiratória (taquipneia, retracção costal, cianose) de gravidade variável, menos exuberante do que na hérnia diafragmática póstero-lateral (de Bochdalek).
Existem formas clínicas assintomáticas e ainda formas reconhecidas por pneumonia recorrente em relação com o compromisso ventilatório verificado no pulmão do lado diafragmático afectado.
O exame físico poderá identificar hipomobilidade do hemitórax do lado afectado e, por radioscopia, o chamado movimento paradoxal da porção
afectada do diafragma: elevação na inspiração e abaixamento na expiração (ao contrário da normalidade). (Figura 2)
Tratamento
Nos casos assintomáticos o tratamento é conservador; nos casos sintomáticos poderá haver necessidade de assistência ventilatória. Nas formas graves está indicada a intervenção cirúrgica (plicatura).
FIGURA 1. Eventração diafragmática em esquema: secção parassagital direita.
FIGURA 2. Radiograma PA do tórax em RN: aspecto de eventração congénita diafragmática; elevação do fígado e cúpula direita (forma unilateral). (URN-HDE)
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